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Edição Nº 35 - 09/12/2009
CBT E INSTITUTO DE ENGENHARIA
Trem-bala: Comitê de Túneis propõe mudanças

O auditório do Instituto de Engenharia (IE), em São Paulo, foi palco, no dia 28 de outubro, de um importante debate promovido pelo Comitê Brasileiro de Túneis (CBT) em conjunto com o IE. Cerca de 200 engenheiros e especialistas em obras de solo se reuniram para discutir o atual projeto do Trem de Alta Velocidade (TAV), apresentado pelo governo brasileiro. A participação dos especialistas gerou sugestões de melhorias à ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), órgão responsável pelo projeto. A Agência esteve presente no Seminário “A Engenharia Nacional e o TAV”, representada pelo seu superintendente, Hélio França, que apresentou o projeto.

Os geotécnicos destacaram, em suas palestras, pontos do projeto que merecem atenção da licitação. Segundo os palestrantes, o projeto, apresentado pelo governo com base nos estudos feitos até agora, deve servir como ponto de partida para um projeto básico mais aprimorado. “O trem-bala representa um ponto importante para o desenvolvimento brasileiro, é uma iniciativa que merece ser implantada”, afirma Tarcísio Celestino (à direita), presidente do Comitê Brasileiro de Túneis, da ABMS. “Exatamente pela importância que uma obra como essa tem, a comunidade técnica chama para si o dever de contribuir, a partir do conhecimento que detém, para melhorá-la”.

É fundamental incorporar a engenharia nacional ao projeto, segundo os engenheiros presentes ao evento. Isso pode resultar inclusive na redução dos custos do trem-bala, estimados pelo estudo do governo em R$ 35 bi. Segundo Celestino é no momento da elaboração do projeto que as principais diretrizes de uma obra são traçadas. É o momento em que variáveis como a escolha de técnicas e estruturas, decisivas para o valor de uma obra, estão à mão e podem ser modificadas.

O engenheiro André Assis (foto à esquerda), que participou da equipe de estudos e projeto do TAV, apresentou detalhes do traçado. A apresentação de André contou com um vídeo de projeção do que seria o traçado do trem-bala brasileiro.

De acordo com os dados disponibilizados pela ANTT sobre o atual projeto, cerca de 53% do valor da obra referem-se a obras de engenharia. “Um maior envolvimento da engenharia é algo necessário”, revela o presidente do CBT, que em sua apresentação analisou os preços de túneis que constam no projeto e indicou valores que não correspondem à realidade do mercado.

As sugestões de melhorias passaram também pelo porta-voz da prefeitura de São Paulo no evento. Sérgio Salvadori, da Secretaria de Infraestrutura Urbana (SIURB), defendeu maior participação da Prefeitura na iniciativa. Segundo Salvadori, a Prefeitura não foi consultada pelo governo Federal e tem outros planos para a área do Aeroporto Campo de Marte, local destinado pelo projeto do TAV à estação de São Paulo.

A estação de Campo de Marte voltou à cena das discussões na apresentação do Comitê Brasileiro de Túneis. Tarcísio Celestino reiterou a posição do Comitê, que defende a instalação da estação integrada ao Metrô da cidade e indica como solução a estação Barra Funda e não a região do Aeroporto Campo de Marte, apontada no projeto original.

Indicações e sugestões de mudanças para que o projeto alcance o sucesso esperado foram sustentadas também pelo representante do Instituto de Engenharia, Edemar Moreira. Depois de analisar as iniciativas de trens de alta velocidade no mundo, Moreira lamentou o fato de o governo brasileiro ter optado por seguir o modelo de Taiwan, baseado em uma única empresa concessionária. Segundo Moreira, o TAV taiwanês não produziu o retorno esperado e está sendo assumido pelo governo do país.

Depois de tocar em pontos delicados como a escolha do modelo a ser implantado, localização de estações e tipos de túneis a serem incorporados ao projeto, o evento terminou com um debate entre os palestrantes. A mensagem deixada pelos engenheiros mistura a sugestão de melhorias a um pedido de espaço para que a engenharia nacional possa contribuir com o desenvolvimento de uma das mais importantes iniciativas da infraestrutura do país a fim de que alcance o sucesso esperado. Confira abaixo o material da apresentação dos palestrantes.

- Hélio França - superintendente da ANTT - Apresentação do empreendimento do TAV

- André Pacheco de AssisPresidente do Comitê para Educação e Treinamento do ITA - Apresentação dos Estudos Geológicos, Geotécnicos e Identificação de Riscos do Traçado

- Sérgio Salvadori Assessor do Secretário de Infraestrutura Urbana de São Paulo – SIURB Ajustes entre o empreendimento do TAV e os planos da prefeitura de São Paulo

- Tarcísio Barreto Celestinopresidente do Comitê Brasileiro de Túneis - A contribuição da engenharia nacional ao projeto do TAV Brasil

- Edemar de Souza Amorim - membro do Conselho Consultivo do Instituto de EngenhariaA visão dos engenheiros brasileiros sobre a implantação do TAV Brasil

- Antônio Cândido Daguer Moreira – FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) Transferência de Tecnologia e o Projeto TAV Brasil

A e-ABMS é a revista eletrônica da Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica
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Repórter: Graziele Storani e Renata Tomoyose