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Edição Nº 35 - 09/12/2009
BARRAGENS
Projeto de monitoramento de barragens é apresentado na Áustria

Andrea Dyminski, presidente do Núcleo PR-SC da ABMS, participou, ao lado do engenheiro elétrico Eduardo Parente Ribeiro, da 2ª Conferência Internacional sobre Comportamento de Longo Termo de Barragens (LTBD). O evento, que aconteceu entre os dias 12 e 13 de outubro, em Graz, na Áustria, reuniu 200 participantes. A presença brasileira foi além da platéia. Andrea e Eduardo apresentaram projeto brasileiro que pretende dinamizar e aprimorar o processo de monitoramento de segurança de barragens por meio de inteligência computacional. Representantes de 17 países participaram da exposição. Na foto acima, os participantes do evento estão reunidos em frente à Universidade de Graz.

Duzentas pessoas, de 17 países, se reuniram em Graz para discutir temas específicos da engenharia de barragens. Temas como métodos de projeto, análise e monitoramento de barragens foram abordados ao lado de discussões sobre envelhecimento de materiais, manutenção, aspectos de segurança e recuperação de estruturas de barragens. O artigo dos brasileiros foi publicado nos anais do LTBD 2009 e apresentado oralmente.

Otrabalho apresentado por Dyminski foi realizado a partir de uma união de esforços entre pesquisadores da Universidade Federal do Paraná, na qual Andrea leciona, e estudos da equipe de engenharia civil da Itaipu Binacional.

O TRABALHO

Dois mil e duzentos instrumentos garantem o monitoramento da segurança das barragens da Usina Itaipu Binacional e colhem a cada leitura, quinzenal ou mensal, milhares de dados. Associar esses dados é uma tarefa que, segundo Andrea Dyminski, demanda análises detalhadas e cálculos. Fatores que, segundo a professora, podem atrasar a identificação de anomalias e retardar qualquer ação preventiva.

“Os relatórios contendo leituras manuais nem sempre ficam prontos a tempo de se tomar uma medida que garanta a segurança da barragem”, destaca Andrea Dyminski (foto à direita). “O mecanismo que desenvolvemos tem a função de utilizar a inteligência computacional e a confiabilidade geotécnica para acelerar o processo e apoiar a tomada de decisões”.

Com o objetivo de aprimorar e dinamizar o processo de monitoramento das barragens da usina Itaipu Binacional, o grupo de Andrea Dyminski e Eduardo Ribeiro está desenvolvendo um software capaz de auxiliar e regularizar o trabalho de leitura periódica de instrumentos que medem a segurança das barragens. O monitoramento, através desse software, trabalha na checagem e verificação tanto do funcionamento do instrumento quanto da exatidão humana.

Três tarefas são desenvolvidas pelo software. A primeira delas é a verificação da eficiência do instrumento de medição, uma varredura detalhada pelos instrumentos utilizados na leitura garante que possíveis erros do equipamento não interfiram no resultado.

A segunda etapa confere também a procedência da leitura feita pelo técnico. A checagem dos dados colhidos pretende evitar que leituras equivocadas comprometam o resultado. A última tarefa desenvolvida pelo software abrange a análise da própria barragem a fim de certificar se a estrutura apresenta algum tipo de anomalia.

O trabalho, apresentado por Andrea Dyminski e Eduardo Parente Ribeiro, é resultado de uma pesquisa de três anos. Financiado pelo Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), o mesmo vem crescendo na Universidade Federal do Paraná. Três dissertações de mestrado e um doutorado completaram a pesquisa que, em janeiro ou de fevereiro de 2010, terá seu primeiro protótipo colocado em prática.

Modelos já testados em campo serão implantado em 80 instrumentos de medição da Usina – o total alcançará menos de 5% das leituras (80 dos 2200 instrumentos disponíveis na Itaipu Binacional) serão apoiados pelo novo sistema . “Embora aplicado no início a um grupo pequeno de instrumentos, o teste será uma ótima oportunidade para inserir a alternativa no dia-a-dia da Usina e confirmar sua eficiência”, afirma Andrea.

O EVENTO

O trabalho, que fala sobre uma das usinas hidrelétricas mais potentes do mundo, chamou a atenção da platéia e possibilitou troca de conhecimento. “Os participantes se interessaram e pudemos trocar ricas informações”, destaca Andrea. “Foi uma oportunidade única na qual estavam reunidos técnicos de altíssimo nível discutindo assuntos específicos de forma aprofundada”.

A troca de informações entre os participantes promete ultrapassar o evento - em especial entre a dupla brasileira e um grupo de pesquisadores canadenses e alemães. Os representantes do Canadá e da Alemanha se interessaram muito pelo trabalho por um motivo especial. Estão desenvolvendo projetos similares em seus países. “A troca de conteúdo durante o evento foi rica e vai permanecer no pós-evento”, relata Andrea. “Vamos continuar fornecendo dados de nossa pesquisa assim como os alemães e canadenses nos enviarão suas novas conclusões. Um ótimo modo de obter novos parâmetros”.

Representar a ABMS e a comunidade geotécnica brasileira em um congresso específico de alto nível foi uma experiência singular para Andrea. “Senti-me honrada por estar entre profissionais de tão alto nível podendo apresentar um estudo 100% brasileiro”.

O evento reuniu acadêmicos, profissionais, empresas envolvidas na fabricação de instrumentos de segurança de barragens, autoridades do governo local e empresas interessadas em implantar as inovações apresentadas ao longo dos dois dias de conferência. O evento foi realizado na Universidade de Graz, na segunda maior cidade da Áustria. A atenção dos participantes brasileiros, no entanto, não se concentrou somente nas dependências da Universidade. Uma casa ao lado do prédio do evento chamou a atenção e emocionou Andrea Dyminski.

Ao lado do número 12 da rua está a casa que Karl Von Terzaghi morou no início de sua carreira, como professor da Universidade de Graz. “Quando vou apresentar a mecânica dos solos aos meus alunos conto sobre a história de Terzaghi. Estar em frente ao lugar onde o pai da geotecnia viveu me emocionou muito”, conta Andrea, que é professora há 15 anos. “Foi sem dúvida um dos marcos desse evento”. Na foto acima, Andrea está em frente à antiga casa de Terzaghi.

Clique aqui para ter acesso à pesquisa de Andrea Dyminski.

 

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